Por um sapateado antirracista!
Como brasileiras e brasileiros, compreendemos que estamos reescrevendo nossa história. Carregamos séculos de complexos processos de colonização, miscigenação e de narrativas que foram parcialmente contadas. Precisamos de coragem para encarar as violências que constituíram nosso país e mais coragem ainda para admitir o quão fomos e ainda somos falhos. É com humildade e também urgência que nós, da Cia. Pé na Tábua acreditamos que frente a questões sociais tão emergentes como o racismo, precisamos nos posicionar de maneira assertiva, sobretudo quando se trata de algo que nos atravessa diretamente.
A Cia. Pé na Tábua compreende que a origem do sapateado norte americano é de autoria negra. Remonta a tempos em que pessoas negras foram escravizadas e levadas à força para outro território.
A Cia. Pé na Tábua compreende que a origem do sapateado norte-americano é de autoria negra.
É preciso que essa afirmação seja feita, pois em diversas publicações de livros que tratam sobre a história do sapateado, sobretudo a história do sapateado no Brasil, poucas foram as que analisaram o impacto do racismo em sua consolidação. Por vezes dizia-se que o sapateado foi uma “união” entre brancos e negros, tornando superficial os processos históricos que envolvem discriminação racial. O sapateado no Brasil, perto de outras manifestações culturais, é jovem. Foi por volta de 1940 que houve os primeiros registros de professores de sapateado por aqui. Nem tudo é sobre dor. É também sobre enraizar os pés no chão, percutir ossos, vibrar sons, criar música.
Se passamos para frente as poéticas do sapateado, precisamos sensibilizar também sobre tantas camadas que um dia foram invisibilizadas para caminharmos em direção a uma reparação histórica, que é o mesmo caminho de um futuro mais justo e honesto. O racismo não é um problema para pessoas negras resolverem. É um problema para a branquitude, como nós. Por isso, convidamos você a aquietar o coração junto de algumas indicações que temos a fazer. São livros, vídeos e demais conteúdos que fizeram com que a gente expandisse as ideias. Pensamos que pode ser importante para você tanto quanto foi para nós. Seguimos, somando na luta por sonorizar mais vozes e pés, de um modo plural, diverso e mais justo com a história do tap dance.