Eu vislumbro a Pé na Tábua como uma grande celebração da dança e da música como uma forma de linguagem que rompe as barreiras do senso comum e das mesmices. A cia sempre me fez encarar um trabalho que se comunica com o aqui e o agora, sem deixar de referenciar as trajetórias históricas e exaltar o nosso senso crítico.
Além de explorar desde a pesquisa dramatúrgica até a produção cultural de uma maneira que é ainda incipiente no sapateado brasileiro, existe também a maneira como a Cia entrelaça suas ações nas de coletivos de outras linguagens artísticas, produzindo um amadurecimento de pesquisa artística que é de mão dupla (o que o sapateado ensina? o que o sapateado aprende?), e que vem tecendo redes de apoio na cena artística de sua cidade.
A Cia. Pé na Tábua exerce um papel de extrema relevância. Além de levar essa modalidade a um público diverso, mistura várias linguagens em suas coreografias, como a música instrumental, a percussão corporal, Libras, etc., convidando o público a participar e entrar na magia da performance, trazendo a presença ativa das pessoas, de forma lúdica e divertida.
Ocupando uma metrópole cujo hábito de dançar restringia-se para dentro de escolas tradicionais, artistas desassossegados se encontraram para uma dança de pesquisa. Que parte do corpo para dialogar com o corpo da cidade. Que se estende para a cidade. Um trabalho que equaliza em um só ritmo qualidade/ acesso/ diversidade e sofisticação. Pelo desejo em interromper o êxodo cultural, encontram seu próprio êxito local.
Cia Pé na Tábua, uma companhia de dança importante pro cenário da Dança no Brasil, tem sua inspiração no tap dance, e de forma contemporânea, dialoga com um vasto leque de questões de vetores de mundo, nos proporcionando uma boa fruição de sua obra, SEMPRE! Aquela que nos muda de lugar, que nos coloca em estado de alerta e nos faz pensar.